29 maio, 2013

Resenha: Coisas Frágeis - Neil Gaiman




"Acho que... prefiro me lembrar de uma vida despedaçada com coisas frágeis, a uma vida gasta evitando a dívida moral". - Pág 13
Nesse vai-e-vem de promoções no submarino, resolvi comprar Coisas Frágeis, que me chamou atenção em vários aspectos. Primeiro pela capa, segundo pela sinopse, e por fim, depois que comecei a pesquisar mais sobre o autor, Neil Gaiman. É o primeiro livro dele que li, e devo admitir que estou impressionada com seu talento em criar histórias tão reais e ao mesmo tempo tão fantasiosas, com uma narrativa um tanto quanto perturbadora de vez em quanto.

O livro reúne a primeira parte de uma coletânea de contos que foi dividido em dois livros (Coisas Frágeis e Coisas Frágeis 2) sendo que este é composto de nove contos.


Meu preferido foi de longe "Os Fatos no Caso da Partida da Senhora Finch", que é uma história genial, contada de 'trás pra frente'. Sim, ele começa pelo fim, e então conduz para o começo e o meio. Intrigante e surpreendente. Assim como a maioria dos contos nesse livro, a história se passa numa antiga Londres, com alguns amigos tentando decidir o que fazer em relação ao sumiço da Senhora Finch (apesar do senhora, ela não era idosa, e sim uma bela jovem com uma beleza escondida), depois de terem ido à uma misteriosa apresentação de circo.

Além desse, tem contos inspirados em Sherlock Holmes e também uma suposta continuação para a vida de Susan, de 'As Crônicas de Nárnia'. A narrativa alterna entre primeira e terceira pessoa, e é impecável. Único ponto negativo é o fato dos contos serem muito curtos, e quando você finalmente se acostuma com a história e os personagens... puff... acabou.

Não é uma boa opção quando você quer algo tranquilo, só pra relaxar. É uma leitura complexa e profunda, e que vez ou outra, faz a gente parar e refletir. Mas se você estiver disposto e com tempo, garanto que não irá se arrepender.

E por fim, eu não pude resistir a esses dois parágrafos que Neil Gaiman escreveu na introdução:

"Enquanto escrevo isso, me ocorro que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são na verdade, fortes. Havia truques que fazíamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármores capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um oceano. Corações podem ser partidos, mais o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, não falhando quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar. 

Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, compostas de sonhos e ideias - abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas -, e o que poderia ser mais frágil que isso? Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres e de monstros, perduram mais do que todas as pessoas que as contaram, e algumas perduram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas." 

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